AM: Cresce uso de Chapolins por criminosos para furtos de veículos
Criminosos realizam furtos sem qualquer sinal de arrombamento. (Foto: Divulgação)
Polícia admite que é muito difícil combater este tipo de crime e identificar a origem do dispositivo
Um empresário de 35 anos teve todos os objetos deixados dentro do carro furtados sem que o veículo, segundo ele, apresentasse qualquer sinal de arrombamento. De acordo com investigações do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), esse tipo de delito tem aumentado em Manaus e é praticado por criminosos com o auxílio de um aparelho eletrônico chamado ‘Chapolin’.
De acordo com o diretor do DRCO, delegado Rafael Allemand, entre dezembro do ano passado e março deste ano, sete integrantes de uma quadrilha especializada nesse tipo de crime foram presos.
O perito do Instituto de Criminalística (IC) da Polícia Civil (PC), Cleogenes Guedes, informou que foi identificado que os criminosos utilizam, em Manaus, controles de portão eletrônico ou o controle de carro na prática criminosa. Na análise feita, segundo ele, foi constatado que esses dispositivos, por operarem na mesma frequência de 433 MHz podem, caso sejam acionados simultaneamente com um controle veicular original, interferir no sinal de rádio frequência do controle veicular original, impedindo o travamento das portas.
Também foram identificados dispositivos eletrônicos que têm a mesma funcionalidade dos anteriores, ou seja, podem gerar sinal de rádio frequência na faixa de 433 Mhz e também podem copiar o código do controle remoto veicular original.
De acordo com o delegado Allemand, durante as investigações foi constado que os criminosos usando esses dispositivos agem em todas as zonas da cidade, sem distinção de locais ou horários, o que dificultou na localização das vítimas e também deles. Conforme o levantamento do DRCO, somente em um único mês, o grupo chegou a praticar dez furtos. No entanto, esse número pode ser bem maior, já que algumas vítimas não chegam a registrar as ocorrências nas delegacias.
Entre as vítimas desse tipo de crime, está um empresário de 35 anos, que preferiu não ter o nome divulgado, que teve os objetos furtados no estacionamento do Complexo Turístico Ponta Negra, na zona oeste. Ele disse que deixou o carro, uma Hilux, no local depois de ter acionado o alarme. “Quando voltamos não encontramos mais nada dentro do veículo. Foi levado tudo. Tomei foi um susto porque não houve o arrombamento”, disse ele informando que o caso foi registrado junto à PC.
Além do empresário, a polícia conseguiu identificar furtos praticados em veículos de sete policiais, entre civis, militares, federal e de um delegado, que também foram alvo dos criminosos. Dos veículos, além dos pertences pessoais, foram furtadas sete armas, das quais três já foram recuperadas. No entanto, de acordo com o delegado, os suspeitos não distinguem as vítimas e furtam de qualquer pessoa.
Prisões Até o momento, sete pessoas foram presas pelo DRCO por integrar o bando criminoso especializado em furtar objetos em veículos. As últimas prisões ocorreram no último final de semana. Na ocasião, foram presos Leandro da Silva Souza, 25, Felipe da Silva Souto Maior e Dyego Ramos Mesquita. A prisão ocorreu em cumprimento a mandados de prisões preventivas.
Allemand explicou que o trio agia junto com o estudante do curso de Direito, Muriel Mendonça de Souza, Anderson Diogo Alves de Andrade, 27, Rhanderson Barroso, e Daniel Ribeiro Coimbra, o ‘Bomba’, 30. Um outro suspeito, que não teve a identificação divulgada, está sendo procurado.
Durante as investigações e prisões, os policiais apreenderam na residência dos suspeitos vários objetos das vítimas e também dois ‘Chapolins’. Um deles foi encontrado na casa de Daniel Bomba, que foi preso no dia 11 de fevereiro. De acordo com o delegado, Allemand, a polícia não tem como precisar o número de crimes praticados por esse bando criminoso.
“Eles eram bem organizados. Um deles fornecia o ‘Chapolin’, o outro dirigia para o grupo, outro entrava nos carros. Eles pegavam o material, repassavam para o Dyego, inclusive as armas, que as revendiam por R$ 3 mil. E eles faziam isso todos os dias”, descreveu.
Apesar da prisão dessas sete pessoas, os crimes continuam ocorrendo. Segundo o delegado, hoje em Manaus vários criminosos já possuem o aparelho, o qual, de acordo com as investigações, é comprado no ‘mercado negro’. “A gente ainda não consegui identificar qual a origem desses dispositivos. Os presos não nos revelam essas informações, mas pelo que colhemos, eles são vendidos prontos para o uso”, disse o delegado.
Cuidados podem evitar o crime
O delegado do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), Rafael Allemand, informou que até o momento não é possível coibir esse tipo de crime porque ocorre de forma silenciosa e de acordo com o perito Cleogenes, ainda não se é possível evitar que o bloqueio desses aparelhos.
Mas Allemand destacou que cuidados básicos praticados pelos próprios motoristas podem ajudar a evitá-los. De acordo com ele, é fundamental que o condutor se certifique que após acionar o alarme dos veículos, que as portas estão realmente travadas.
Allemand também recomendou para que as pessoas evitem deixar objetos de valor dentro dos veículos. “É muito difícil de eles darem um bote errado em um carro. Primeiro eles verificam se tem alguma coisa para poder agir”, informou ele.
D24AM
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